O Anexo de Metas Anuais, documento que integra o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2025, traz à tona a complexidade e a importância dos precatórios no contexto fiscal e orçamentário do Brasil. O documento aborda diversos aspectos relacionados a essas dívidas do governo originadas de decisões judiciais definitivas, refletindo os desafios para a gestão da dívida pública e a necessidade de estratégias eficazes para o cumprimento dessas obrigações.

Um dos pontos centrais do Anexo de Metas Anuais é o contexto jurídico dos precatórios. Em novembro de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) nºs 7047 e 7064, que questionavam as Emendas Constitucionais nºs 113 e 114 de 2021. Estas Emendas estabeleceram um limite temporário para o pagamento de precatórios até o exercício financeiro de 2026. Com a declaração de inconstitucionalidade desse limite pelo STF, a gestão dos precatórios foi significativamente impactada.

O documento também apresenta projeções de resultado primário para o setor público não-financeiro consolidado, incluindo estimativas dos principais agregados de receitas e despesas primárias do Governo Central. Essas projeções levam em consideração o impacto dos precatórios na trajetória da dívida pública, evidenciando a relevância dessas obrigações para a sustentabilidade fiscal do país.

Outro aspecto abordado no Anexo de Metas Anuais são os precatórios parcelados, conforme o § 20 do art. 100 da Constituição, com atualização monetária das parcelas pelo IPCA e, posteriormente, pela taxa Selic. O documento menciona a dificuldade de materialização de novos precatórios de grande vulto para os exercícios de 2025 e seguintes, considerando o valor individual que supere 15% do total apresentado para o exercício.

Após a declaração de inconstitucionalidade dos §§ 3º, 5º e 6º do art. 107-A do ADCT pelo STF, não se espera a realização de acordos com deságio para o pagamento de precatórios. Além disso, o documento aborda as sentenças devidas e os acordos referentes a passivos, incluindo precatórios decorrentes de demandas relativas à complementação da União aos Estados e Municípios pelo Fundef, com gastos estimados a partir de regras específicas de parcelamento.

O Anexo de Metas Anuais estabelece metas anuais relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário, e montante da dívida pública, considerando o impacto dos precatórios nessas metas. Além disso, apresenta perspectivas econômicas e um cenário fiscal projetado para os exercícios de 2025 a 2028, definindo objetivos e estratégias de política fiscal que consideram os precatórios.

Um ponto importante destacado no documento é a exclusão de despesas com precatórios do Novo Regime Fiscal Sustentável. Para os exercícios financeiros de 2025 e 2026, os montantes excedentes ao valor de referência do antigo limite de pagamento de precatórios estarão excluídos das despesas consideradas para fins de apuração do Novo Regime Fiscal Sustentável e da meta anual de resultado primário. No entanto, a partir de 2027, essa exclusão não se aplica mais.

O Anexo de Metas Anuais evidencia a complexidade e a importância dos precatórios no contexto fiscal e orçamentário do Brasil, refletindo os desafios para a gestão da dívida pública e a necessidade de estratégias eficazes para o cumprimento dessas obrigações. A análise detalhada dos precatórios no documento reforça a importância de uma gestão fiscal responsável e transparente, buscando conciliar o pagamento dessas dívidas com a sustentabilidade das contas públicas.

Nesse sentido, o Instituto Brasileiro de Precatórios (IBP) destaca a relevância do Anexo de Metas Anuais como um instrumento fundamental para o planejamento e a execução orçamentária, contribuindo para uma maior previsibilidade e eficiência na gestão dos precatórios. O IBP reforça a necessidade de um acompanhamento contínuo e uma análise criteriosa das metas fiscais e das estratégias adotadas pelo governo, visando garantir o cumprimento das obrigações relacionadas aos precatórios e a manutenção do equilíbrio fiscal do país.

O Anexo de Metas Anuais do PLDO 2025 evidencia a complexidade e a importância dos precatórios no contexto fiscal e orçamentário brasileiro, refletindo os desafios para a gestão da dívida pública e a necessidade de estratégias eficazes para o cumprimento dessas obrigações. O IBP reforça a importância de um debate amplo e transparente sobre o tema, envolvendo os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como a sociedade civil, a fim de construir soluções sustentáveis e justas para a questão dos precatórios no Brasil.